Homens ainda estão muito atrás das mulheres nos cuidados com a saúde

Programa de rádio “Saúde com Ciência” soma esforços a campanha “Agosto Azul” e reforça a importância do autocuidado e atenção à saúde do homem

Os homens têm cuidado mais da saúde nos últimos anos, mas ainda deixam muito a desejar. Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia mostra que embora tenha aumentado em 49,96% a procura do público masculino pelo médico, entre 2016 e 2020, os homens estão bem atrás das mulheres em termos de atenção à saúde.Por isso, além do “Novembro Azul” – que é o mês mundial de combate ao câncer de próstata – a campanha “Agosto Azul” busca orientar e conscientizar essa população sobre a importância de manter hábitos saudáveis.

Em 2019, a proporção de mulheres que buscaram um médico (82,3%) foi maior que a homens (69,4%), segundo dados do Programa Nacional de Saúde (PNS). De acordo com o urologista e professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Daniel Xavier Lima, é comum o homem só buscar os serviços de saúde quando o problema já está instalado. Esse comportamento leva a outro dado: os homens vivem em média sete anos a menos que as mulheres no Brasil. Mas isso não é exclusividade brasileira:

“O homem tem mais chances de morrer prematuramente em praticamente todos os países do mundo. Eles não sabem que ao se negligenciarem estão contribuindo para a maior mortalidade de praticamente todas as causas do sexo masculino em relação ao feminino”, destaca o professor.

Alguns motivos que explicam maior negligência masculina com a saúde incluem os fatores culturais, que levam à masculinidade tóxica. Com isso, o homem pode se achar mais forte, que não adoece e não pode demonstrar sinais de fraqueza.

“Também existe uma questão laboral, em que os homens têm mais dificuldade de justificar a ausência no trabalho, mesmo querendo, porque esse cuidado e justificativa estão culturalmente mais arraigados na mulher”, completa Lima.

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A mulher se cuida mais

O homem não tem costume de frequentar consultores e raramente faz exames periódicos, o que fica notório nos postos de saúde, nos atendimentos de saúde pública, saúde da família e até em consultórios privados, segundo o professor Daniel Xavier Lima.

Mas, assim como as meninas, que vão ao ginecologista desde cedo, eles precisam de check-up anual e de acompanhamento médico, especialmente após os 45 anos, idade recomendada para o rastreamento do câncer de próstata.

“Quando há histórico familiar, o rastreamento anual deve ser feito em torno dos 45 anos. E quando não existe histórico, a partir dos 50. Se for aguardar sintomas para buscar um urologista, a doença sempre vai ser diagnosticada em estágio avançado”, explica o especialista.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Está atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, de acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca). Um diagnóstico do câncer de próstata é feito a cada sete minutos, e a cada 40 minutos, um homem morre por essa doença.

Os números assustam, uma vez que ao ser detectada precocemente, ela é totalmente curável. O rastreamento precoce anual deve ser feito com um urologista e consiste na realização de exame de sangue e exame local de toque retal. A avaliação é rápida e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Não apenas o câncer de próstata

Não é a penas a próstata e nem o câncer de próstata que exigem maior atenção. As taxas de doenças cardíacas, diabetes, suicídios e, inclusive, mortes violentas, como acidentes de trânsito, são maiores entre os homens. Eles também abusam mais álcool e drogas.

São eles também que mais morrem vítimas da covid-19. A mortalidade entre homens idosos é duas vezes maior que a das mulheres da mesma idade. Para Daniel Xavier Lima, essa diferença pode estar relacionada ao estilo de vida dos homens, que se encontram mais vulneráveis a doenças que, comprovadamente, são de risco para maior gravidade da covid.

“Mais ainda somos carentes de informações muito importantes, não está bem estabelecido se pode ser algum componente biológico também”, pontua.

A realidade é que todos esses fatores levam a menor expectativa de vida comparada às mulheres e reforçam a importante de frisar que cuidar da saúde também é coisa de homem.

Saiba mais no Saúde com Ciência

Os cuidados necessários com a saúde do homem, a relação entre a covid e o sexo masculino e tabus sobre a atenção a saúde dessa população estão em pauta no Saúde com Ciência desta semana.

O programa é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

fonte: https://www.medicina.ufmg.br/homens-ainda-estao-muito-atras-das-mulheres-nos-cuidados-com-a-saude/

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